Na semana passada tive o privilégio de comparecer ao Parque do Ibirapuera para o show em homenagem aos 100 anos do mestre Adoniran.
O evento gratuito foi realizado na área externa do Auditório Ibirapuera, sob a regência do maestro Amilson Godoy, artistas como Jair Rodrigues, Demônios da Garoa, o grupo Língua de Trapo, Eduardo Gudin, Arnaldo Antunes, Roger (Ultraje a Rigor), Vânia Bastos e Patty Ascher que interpretaram clássicos do compositor.
Este é o ano do centenário de um símbolo da cidade de São Paulo .Quem nunca ouviu ou cantou “Trem das Onze” ou “Saudosa Maloca”? Adoniran Barbosa completaria 100 anos em 6 de agosto – ele morreu em 1982.
Pode-se dizer que Adoniran foi um artista multimídia bem antes da criação do termo. Ele atacou de cantor, compositor, humorista e ator dramático em rádio, TV, cinema e circo. Apesar de ter sido considerado “A Voz de São Paulo” pelo crítico literário Antônio Candido e de suas composições serem verdadeiras crônicas da cidade, ele não nasceu na capital. O homem que popularizou o “paulistanês” – aquele sotaque ítalo-paulistano-caipira presente em suas músicas – nasceu em Valinhos, próximo a Campinas. “Mesmo que não tenha nascido aqui, Adoniran se incorporou àquela São Paulo de meados do século passado de um jeito extraordinário e soube sintetizá-la como poucos”, diz Cunha Jr., que faz uso no livro da ironia tão presente trajetória artística do Adoniran
Foram as mesas, ladeiras e o povo que o fez ser quem foi e quem ainda é pelo que deixou. Suas tragédias íntimas e épicos tirados das sarjetas e malocas da cidade fizeram dele um grande contador de histórias. Quando São Paulo está embaixo d’agua por conta dos alagamentos, quem entenderia melhor a dor do paulistano do que ele, que falava do que entendia, do que vivia: Não reclama/ porque o temporal/ destruiu teu barracão/ Não reclama/ güenta a mão, João/ Com o Cebídi aconteceu coisa pior/ Não reclama/ Pois a chuva só levou a tua cama. Era só o que João tinha. Já a casa do Cebídi tava completa e foi toda levada pela enxurrada morro abaixo. Logo, João não tem tanto motivo pra reclamar da sorte.
Adoniran sabia como era difícil para São Paulo ser grande, entendia a dor de ser arranha-céu e de ser barracão. Sampa enfim pode ser consolada através de suas letras. Ele fez a década de 50 tremer, e olha que nem era um dos tremendões. Todos se renderam aos olhos pesados e bigode galante que formavam o rosto boêmio do sambista. Quem não se renderia, até eu daria mole, se ele me desse uma aliança feita com a corda mi do seu cavaquinho – foi o que ele fez na famosa “Prova de carinho”.
Os intelectuais o abraçaram, todos os nerds e universitários de plantão também, mas o povo para quem ele realmente cantava e dedicou a vida, esse se esqueceu dele. No fim da vida, não era tocado em rádios populares e o mercado não dava bola.
Morreu pobre, como quase todo sambista bom morre. Lançou 3 LPs em 40 anos de carreira, tinha fãs de grande nome em seu encalço, como Elis Regina. Exatos 28 anos atrás, o mundo perdeu Rubinato, quer dizer, Adoniran, Charutinho, enfim, ele podia ser quem quisesse, ele se dava esse direito. Parada cardíaca. Uma parada para ele foi o bastante, mas espero que tenha sido de barriga cheia. Só tenho a filosofia/ Que me dá consolação/ Com a barriga assim vazia/ Sei que morrerei/ No necrotério acabaria/ Mas não será de indigestão.
Adoniran não precisa de artigos para explicá-lo, ele mesmo sabia fazer isso, e fazia melhor do que qualquer Barbosa – Eu sou de humilde contato/ Tímido, nem sou loquaz/ Tenho espontâneo relato/ Do meu ego e o que me apraz/ Sou como sou não pedi.
O evento gratuito foi realizado na área externa do Auditório Ibirapuera, sob a regência do maestro Amilson Godoy, artistas como Jair Rodrigues, Demônios da Garoa, o grupo Língua de Trapo, Eduardo Gudin, Arnaldo Antunes, Roger (Ultraje a Rigor), Vânia Bastos e Patty Ascher que interpretaram clássicos do compositor.
Este é o ano do centenário de um símbolo da cidade de São Paulo .Quem nunca ouviu ou cantou “Trem das Onze” ou “Saudosa Maloca”? Adoniran Barbosa completaria 100 anos em 6 de agosto – ele morreu em 1982.
Pode-se dizer que Adoniran foi um artista multimídia bem antes da criação do termo. Ele atacou de cantor, compositor, humorista e ator dramático em rádio, TV, cinema e circo. Apesar de ter sido considerado “A Voz de São Paulo” pelo crítico literário Antônio Candido e de suas composições serem verdadeiras crônicas da cidade, ele não nasceu na capital. O homem que popularizou o “paulistanês” – aquele sotaque ítalo-paulistano-caipira presente em suas músicas – nasceu em Valinhos, próximo a Campinas. “Mesmo que não tenha nascido aqui, Adoniran se incorporou àquela São Paulo de meados do século passado de um jeito extraordinário e soube sintetizá-la como poucos”, diz Cunha Jr., que faz uso no livro da ironia tão presente trajetória artística do Adoniran
Foram as mesas, ladeiras e o povo que o fez ser quem foi e quem ainda é pelo que deixou. Suas tragédias íntimas e épicos tirados das sarjetas e malocas da cidade fizeram dele um grande contador de histórias. Quando São Paulo está embaixo d’agua por conta dos alagamentos, quem entenderia melhor a dor do paulistano do que ele, que falava do que entendia, do que vivia: Não reclama/ porque o temporal/ destruiu teu barracão/ Não reclama/ güenta a mão, João/ Com o Cebídi aconteceu coisa pior/ Não reclama/ Pois a chuva só levou a tua cama. Era só o que João tinha. Já a casa do Cebídi tava completa e foi toda levada pela enxurrada morro abaixo. Logo, João não tem tanto motivo pra reclamar da sorte.
Adoniran sabia como era difícil para São Paulo ser grande, entendia a dor de ser arranha-céu e de ser barracão. Sampa enfim pode ser consolada através de suas letras. Ele fez a década de 50 tremer, e olha que nem era um dos tremendões. Todos se renderam aos olhos pesados e bigode galante que formavam o rosto boêmio do sambista. Quem não se renderia, até eu daria mole, se ele me desse uma aliança feita com a corda mi do seu cavaquinho – foi o que ele fez na famosa “Prova de carinho”.
Os intelectuais o abraçaram, todos os nerds e universitários de plantão também, mas o povo para quem ele realmente cantava e dedicou a vida, esse se esqueceu dele. No fim da vida, não era tocado em rádios populares e o mercado não dava bola.
Morreu pobre, como quase todo sambista bom morre. Lançou 3 LPs em 40 anos de carreira, tinha fãs de grande nome em seu encalço, como Elis Regina. Exatos 28 anos atrás, o mundo perdeu Rubinato, quer dizer, Adoniran, Charutinho, enfim, ele podia ser quem quisesse, ele se dava esse direito. Parada cardíaca. Uma parada para ele foi o bastante, mas espero que tenha sido de barriga cheia. Só tenho a filosofia/ Que me dá consolação/ Com a barriga assim vazia/ Sei que morrerei/ No necrotério acabaria/ Mas não será de indigestão.
Adoniran não precisa de artigos para explicá-lo, ele mesmo sabia fazer isso, e fazia melhor do que qualquer Barbosa – Eu sou de humilde contato/ Tímido, nem sou loquaz/ Tenho espontâneo relato/ Do meu ego e o que me apraz/ Sou como sou não pedi.
''Todas as homenagens são poucas para esse ícone da música.Gente de todas as idades e gostos musicais admira o trabalho dele''
Serginho Rosa
(integrante dos Demônios da Garoa)
Serginho Rosa
(integrante dos Demônios da Garoa)
fontes: http://www.amalgama.blog.br
http://revistaepocasp.globo.com
http://revistaepocasp.globo.com
Post feito por Petit ♥
"Independente de meus estudos e diferentes posicionamentos políticos que já defendi ao longo de minha vida"
ResponderExcluirOu seja, nem você sabe o que quer, puta falta de personalidade! Qual o novo posicionamento político de amanhã ?
Paga pau de trad, agora de careca, e por aí vaí..... Isso porque o nome do blog é Juventude Consciente!
Nem sei porque estou postando aqui, vc não merece essa moral, já que nunca foi nada no role! só no role orkut, nesse sim vc é considerada pelo miguxoss!!!! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk KI LIXOOOOOOO!!!!
Caro anónimo... rsrsrs
ResponderExcluirAcho interessante como as mesmas pessoas que criticam o extremismo se apoiam nele.
Maturidade é saber lidar com o "talvez eu não seja dono da verdade"; dando espaço para o conhecimento antes de qualquer coisa, em vez de se fechar hermeticamente em uma ideia, sendo ela legítima ou não.
Francamente, se você é ou admira os trads, não deveria se envolver com política de qualquer forma. Se você tem raiva de carecas, saia por aí batendo neles e tente acabar com o movimento dos caras. E boa sorte!
Mas lembre-se sempre das palavras do grande profeta Seu Madruga: "Somente os idiotas têm absoluta certeza de tudo o que dizem." Mas não estou muito certo disso =)
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Agora, em relação ao Adoniran, sem palavras. Nada como um bom samba de raiz para alegrar!!! Não só por ser 100% SP, mas por ser MUITO BOM DE SE OUVIR!!!
H. 0.9.
Caro anônimo:
ResponderExcluirAo dizer:
"Independente de meus estudos e diferentes posicionamentos políticos que já defendi ao longo de minha vida"
Não significa falta de personalidade!
Significa que eu não sou extremista ou radical.
Apenas que me considero uma ETERNA APRENDIZ e possuo CORAGEM e HUMILDADE para admitir isso.
Constantemente estou estudando e procurando a melhor forma de poder fazer algo para me melhorar e poder ajudar ao próximo.
O que não é fácil, é um trabalho duro que exige esforço, estudo, boa vontade, humildade, coragem...
O único que pode me julgar se possuo moral ou não é Deus é a ele que devo prestar contas e não a você que se esconde e não tem nem coragem de se mostrar.
Entendo que você deve ser adolescente e não possui maturidade ainda como H. 0.9. bem mencionou.
Então não fico chateada com seu comentário, apenas recomendo a você que continue a estudar e não se prenda a uma linha política, ou a partidos.
Seja você, e não se esconda!
Siga o seu coração , com ética e princípios.
Faça o melhor que puder, ninguem é dono da verdade, não engula simplesmente o que é imposto a você pela mídia, pelos livros de marx, por bakunin e tantos outros como até seus pais ou amigos.
Nunca precisei ''pagar pau'' como vc afirmou e nunca vou precisar, porque esse não é esse o caminho para ser alguem na vida e não só no rolê.
Não me interessa ser ''alguem no rolê'' tudo isso é pequeno pra mim.
Quero é poder ser lembrada como alguem que de alguma forma contribuiu para sociedade.
Não me refiro a grandes feitos e sim a pequenas atitudes que podem ser executadas por qualquer um que tenha boa vontade e disposição para ajudar ao próximo.
Estarei a disposição para conversar e tirar qualquer dúvida o e-mail encontra-se ao lado.
Nunca e é tarde para aprender companheiro.
E H. 0.9. obrigada pelo seu apoio e consideração ao blog, sempre comentando e dando sua contribuição.
É raro encontrarmos pessoas dispostas a ler sobre política e cultura na internet.
É mais fácil ficar o dia inteiro vendo vídeo no youtube e papeando no msn.
Precisamos de brasileiros assim como você, dispostos e corajosos a construir um futuro de vida digna a cada cidadão de nosso país!