quinta-feira, 10 de setembro de 2009

:: Cultura Política no Brasil ::

Em minhas pesquisas para escrever uma matéria para o blog, me deparei com um texto que me chamou a atenção, foi postado no blog do jornalista Fernando Tanganeli Império .
Prefiro não postar textos prontos mas este caso é um caso a parte hehehehe! Espero que seja do agrado de todos.
Foi escrito em 08/05/2008 e faz uma reflexão da Cultura Política no Brasil , segue o texto abaixo :




''Aos olhos do eleitorado comum, todo político é corrupto. A grande maioria da população enxerga a política como um problema dos outros. Desta forma, acredita num primeiro momento que a pessoa que se candidata a um cargo público está mais interessada na própria ascensão social do que trabalhar para um todo.
Essa visão quase que enigmática da política não é por acaso. Durante séculos, o Brasil é governado para servir a uma minoria dominante, em detrimento da maioria dominada. Os processos de dominação se modernizam, ganham novos atores políticos, mas a estrutura desigual permanece.
A perpetuação do quadro deve-se a eficiente maneira pela qual a elite conduz seus instrumentos de dominação. É evidente que para conseguir tal feito, utiliza de mecanismos extremamente sutis que torna imperceptível aos desavisados. A ideologia dominante faz com que os seus valores tornam-se universais.

A educação é a principal arma que uma sociedade tem para aguçar o senso crítico de seus cidadãos. No entanto, é fundamental que esta educação esteja comprometida com a qualidade de ensino. O aprendizado é um processo complexo e lento, conduzido por intermédio da disciplina, conhecimento empírico e determinação.
O governo não tem como oferecer boas escolas, salários dignos para os professores. Analisando bem, nem pretende priorizar a educação de qualidade.

Pessoas que pensam, questionam e se questionam não aceitam qualquer resposta. O círculo vicioso parece perigoso demais para um sistema construído para não ser questionado, apenas aceitado.
Presa a margem da quase ignorância, a massa torna-se experts em fofoca de novelas, reality-shows, futebol e tudo o que diz respeito ao mundo pop. O pronunciamento público de rejeição a algum sucesso imposto pela indústria fonográfica é capaz de excluir qualquer um das rodas de conversas. O pouco que sabem sobre política, economia, relações internacionais é o que passa em meia hora diária de telejornal.

Contudo, há exceções. Apesar das constantes investidas publicitárias, nem tudo é digerido. Ao contrário da teoria hipodérmica, que acreditava que toda mensagem chegava à massa com o mesmo sentido, as pessoas possuem vontades e opiniões diferentes sobre determinados assuntos. Até podem ser engolidas pela hipótese do espiral do silêncio, mas possuem certo teor crítico, não são passivas a toda informação.
Na política, é comum o confronto. O debate faz parte do processo político. A idéia do constante conflito às vezes nem é consciente, mas torna-se inerente àquilo que na verdade todos desejam: o poder.
O sentido de poder aqui é ampliado para todas as esferas do relacionamento humano. Todos querem ser poderosos. O ditado popular Manda quem pode, obedece quem tem juízo sintetiza muito bem a relação de poder. O indivíduo que detém mais poder usa desse instrumento para obter mais benefícios perante o outro de menor poder, que fará o mesmo com o seu subalterno e assim sucessivamente.

A política pública não é diferente, pelo contrário. É nesse patamar que as relações ficam ainda mais institucionalizadas e o caos só não é instalado porque uma linha invisível, chamada ética transformou alguns conceitos em leis que todos devem obedecer, sob penas legítimas.
Manter a ordem é a ordem. Mesmo que para isso, sejam ocultados alguns desvios necessários, porém ilícitos. A corrupção é tão institucionalizada nos meandros da política brasileira, quanto a sua ilegalidade. Os constantes desvios de verbas levam a crer que o processo é natural, pois não depende de gênero, idade, raça, credo, geração. A história, principal fonte da verdade, é prova viva disso.
Ainda mais no Brasil, onde as dificuldades são motivos de orgulho e não de motor para contestação. A criatividade para sobreviver aqui ganhou um outro nome: o jeitinho brasileiro. A malandragem para driblar os desafios da subvida acabou sendo acionada toda vez que é preciso tirar vantagem de uma situação.
É consenso o compromisso de todos os cidadãos perante as leis. Ser correto em todas as ações é mais que uma obrigação; é estar em paz com a própria consciência. A fiscalização sob o outro é ferrenha, contudo, se há uma brecha, se existe a possibilidade de conseguir um extra em determinada situação, o cidadão não pensa duas vezes. Afinal, ele tem a certeza dentro de si de que se fosse o outro, faria a mesma coisa.

Neste cenário, não fica difícil entender a política brasileira. Se o imaginário coletivo acredita que todos os políticos são eleitos para tirar proveito próprio, então não resta alternativa se não otimizar o voto.
O eleitor troca o seu poder transformador, que é voto, por necessidades vitais como comida, roupa, etc. Parece impertinente pensar que ainda existe essa relação, mas se os políticos ou os filhos, netos dos mesmos estão no poder é porque pouca coisa mudou.
Seria hipocrisia dizer que o sistema não tenha sofrido nenhuma derrota e que os politiqueiros que se elegem, assim conseguem porque agem sempre da mesma forma. O assistencialismo tem múltiplas faces e é o sustentador do modelo vigente.
A mudança só acontece após o motim de uma revolução. É claro que, para isso acontecer, é preciso que a ordem seja alterada, os valores vigentes percam os sentidos e novos assumam o lugar. O processo é demasiado complexo e quase utópico, porém antes disso acontecer é preciso plantar a semente da indignação em cada cidadão e isso só será possível se for incitada a consciência das pessoas, por intermédio da educação qualitativa.
É evidente que não houve e jamais haverá uma sociedade perfeita. Os seres humanos são feitos de contradição, preferências, paixão, amor e ódio. No entanto, é preciso desconstruir a estrutura vertical que privilegia uma pequena parcela da população e sacrifica todo o restante. E a política é um dos principais pilares dessa edificação social.''


Post feito por Petit ♥

Um comentário:

  1. Olá Não sê se podem me ajudar. Quereria saber onde posso conseguir o póster da imagem com o olho e a bandeira que mostrais mais acima. ¿Há alguma página onde pudesse o comprar? Saludos e muito obrigado.

    Peço desculpas se escrevi algo mau, mas tive que usar um tradutor já que não sou brasileira

    Minha direção é: littleclementine@live.com

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